A moda em Hollywood é o remake: você pega aquele filme antigo, da época em que se tinha poucos recursos para colocar a idéia em prática, e o refaz com as tecnologias atuais.
Pensando nisso, decidi fazer um remake de uma história antiga que escrevi em outro blog.
A história se passa no início de dezembro de 2005.
Uma noite de terror
Era uma noite de quarta-feira.
Eu e Bruna estávamos assistindo a um filme na TV (O Conde de Monte Cristo pra quem gosta de detalhes), quando uma imensa mancha negra passou em frente da televisão.
Como estávamos entretidos com o filme, demos pouca atenção para o que consideramos "um pequeno inseto de hábitos noturnos".
Deveríamos ter dado atenção!!!
Nessa noite o inseto nada mais fez, nesta noite...
Na manhã seguinte, exatamente às 5:30, quando cheguei à sala para desligar o despertador (que me acordara para a aula de artes marciais) escutei barulhos estranhos debaixo da mesa do computador.
Logo lembrei-me do "pequeno inseto de hábitos noturnos" da noite anterior.
Os barulhos eram de asas batendo e eu procurei de onde o som vinha.
Revirei toda a mesa, abri e fechei gavetas, puxei a cadeira e até me arrisquei ao entrar debaixo da mesa para encontrar a fonte daquele barulho. Nada encontrei.
Como o barulho havia parado, decidi voltar a dormir (estava cansado por ter dormido tarde na noite anterior).
Acordamos mais tarde e fomos resolver algumas coisas na rua e retornamos a casa quase no fim do dia.
Tomamos banho, lanchamos e nos deitamos para assistir ao Jornal Nacional.
Tudo normal, nem mais lembrávamos do "pequeno inseto de hábitos noturnos", estávamos desprevinidos e, de alguma forma, ele sabia disso.
Fátima Bernardes já anunciava os gols da semana quando, vindo do nada, um enorme vulto invade o quarto.
Saltei da cama sem pensar e com um rolamento alcançei o interruptor e acendi a luz: era um monstro negro com asas e o som de suas asas eram ensurdecedores.
Sua vontade de incomodar era grande.
Seu tamanho era enorme!!!
Com mais um rolamento estava ao lado da Bruna, paralisada de medo, que me disse:
- Jesus Maria José, o que é isso?!? De onde veio?!? Sangue de Jesus tem poder!!!
- Minha querida, - respondi, tapando seus olhos para que não visse tamanha aberração - não temos tempo para um bate-papo, tenho que te tirar daqui agora! Não sabemos o que esse gárgula é capaz de fazer!!!
Levei-a até um local seguro, o mais longe possível que nossa minúscula quitinete permitia, e voltei para encarar a Mariposa Trangênica.
Pensando que só meus punhos não seriam capazes de parar aquela monstruosidade, armei-me de um cabo de vassoura entrei quarto adentro decidido: só um de nós sairia daquela arena.
Lá estava ela, parada, zombando de mim, esperando que eu desse o primeiro movimento. Juro ter notado um sorriso no canto de sua boca (daqueles sorrisos que se dá quando se tem prazer no que se faz).
Foi quando escutei um som atrás de mim.
Virei-me com o cabo de vassoura pronto para voar pelos ares qualquer outra criatura que estivesse me cercando, mas era tão somente o meu fiel companheiro: Farofa, que me olhava como se quisesse dizer:
- Está pronto? Vamos encará-la? Eu vou pela esquerda, você pega pela direita.
Nessa hora eu fiquei menos nervoso, estava na companhia de um grande caçador. Porém tive que tomar uma decisão:
- Farofa volte!!! Tome conta de sua mãe!!! Isso aqui é pessoal... nenhum inseto, grande ou pequeno, pode invadir a minha casa, atrapalhar o meu sossego e principalmente assustar a minha família... ELA É MINHA. Vá. Volte e cuide de sua mãe.
Ele, contrariado, voltou e eu parti para o ataque.
Percebendo minha ofensiva, o monstro veio com o ódio nas antenas.
Partiu em linha reta, direto para o meu rosto e quando estava ao alcance de meu cabo de vassoura decidi atacar.
Como eu esperava ela desviou o suficiente para escapar de meu ataque e continuar a rota a caminho de meu rosto.
Consigo ver tudo em câmera lenta: quando estava quase tocando o meu nariz, esquivei-me com um mortal por cima da criatura alada e caí atrás dela. Enquanto tentava descobrir o que estava acontecendo acertei sua asa esquerda.
Ainda sem entender, pousou na parede oposta e tentou se recompor.
Agora era a minha vez de ter um sorriso no canto da boca. Sua fisionomia agora era outra, acho que percebera o quanto seria difícil aquela batalha. Chamei-a para mais um round. Ela veio!!!
Foi uma luta intensa: pontapés, socos... Nesse momento já havia perdido o cabo de vassoura que se quebrou enquanto me servia de escudo contra a investida da diabólica mariposa.
Por um instante ela conseguiu me jogar ao chão. Foi um instante assustador, pois pude sentir o cheiro do ódio que exalava de seu bafo e pude ver a vingança no fundo de seus olhos.
Com muito custo consegui me libertar e com uma pirueta deixei a morte afastada.
Determinados fomos um de encontro ao outro esquivei-me na hora e exata e graças a um gancho certeiro pude nocautear e imobilizar o demônio.
Suas antenas pediam clemência ao ver a minha vontade de transformá-la em um exemplo para os outros "insetos de hábitos noturnos".
Não resisti, ainda ofegante tirei de cima de suas asas o toco vassoura que usara para segurá-la e somente com o olhar disse:
- Vá, voe!!! Avise a todos os outros "insetos de hábitos noturnos" que nesse apartamento mora um homem que defenderá sua honra e sua família. Avisei-os que o próximo que aqui entrar não sairá com vida.
O inseto se foi, cambaleante, porém com vida.
Definitivamente, o arrependimento deve ter passado no minúsculo cérebro do inseto, pois naquela noite ele teve sorte, muita sorte.
Depois de me certificar de que o inimigo não mais voltaria, corri e voltei para ver como estava a Bruna e fui recebido com um caloroso abraço e um suculento beijo na boca de quem estava eternamente agradecida por eu ter salvo a sua vida.
Meu cachorro também quis me agradecer
Fiz por vocês e farei isso tantas vezes quanto for necessário, enquanto lá fora existirem insetos repugnantes que pretendam atrapalhar nosso sossego.
Abraços a todos e lembrem-se: não deixem suas janelas abertas enquanto dormem, sabe lá o que pode entrar por elas.
FIM